"A catedral conheceu seus momentos de glória, começaram alguns problemas de estrutura, foi abandonada por um período, passou por reformas que deformaram sua estrutura, mas cada geração achava que tinha resolvido o problema, e refaziam os planos originais. Assim, nos séculos que se seguiram, erguiam uma parede aqui, demoliam uma viga acolá, acrescentavam reforços deste lado, abriam e fechavam os vitrais.
E a catedral resistia a tudo.
Caminho por seu esqueleto, vendo reformas atuais: desta vez os arquitetos garantem qe encontraram a melhor solução. Há andaimes e reforços de metal por toda parte, grandes teorias sobre os passos futuros, e algumas críticas ao que foi feito no passado.
E de repente, no meio da nave central, eu me dou conta de algo muito importante: a catedral sou eu, é cada um de nós. Vamos crescendo, mudando de forma, nos deparamos com algumas fraquezas que precisam ser corrigidas, nem sempre escolhemos a melhor solução, mas apesar de tudo continuamos em frente, tentando nos manter eretos, corretos, de modo a honrar não as paredes, nem as portas ou janelas, mas o espaço vazio que está ali dentro, o espaço onde adoramos e veneramos aquilo que nos é caro e importante.
Sim, somos uma catedral, sem dúvida nenhuma. Mas o que está no espaço vazio de minha catedral interior?
Esther, o Zahir.
Ela preencheu tudo. Ela é a única razão pela qual estou vivo. Olho em volta, me preparo para a conferência, e entendo por que enfrentei a neve, os engarrafamentos, o gelo na estrada: para lembrar que todos os dias preciso reconstruir a mim mesmo, e para - pela primeira vez em toda a minha existência - aceitar que amo um ser humano mais do que a mim mesmo."
O Zahir - Paulo Coelho
Créditos: jean1012
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Catedral
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